Seguir o itinerário da
escrita literária significa aceitar a convivência habitual com a solidão e ter
a coragem de violar certas regras aparentemente invioláveis.
O escritor alemão
Hermann Hesse era filho de teólogos protestantes conservadores. Quando tinha
idade suficiente, foi enviado para o seminário, pois seus progenitores decidiram que ele se tornaria presbítero. Mas um artista como Hesse não se
sentia satisfeito no ambiente recluso de um seminário. Havia nele o desejo de
saltar os muros e conhecer o mundo.
Foi exatamente isto o
que ele fez.
Sozinho na Suíça, Hermann
Hesse precisou trabalhar como livreiro e operário. Romper com as escolhas dos
familiares não representava somente esquecer a possibilidade de uma carreira
eclesiástica. Na realidade, o jovem escritor abdicava também de ter uma
formação acadêmica.
Chegou a trabalhar mais
de 10 horas diárias como livreiro e operário, e, em seu tempo vago, dedicava-se a estudar e escrever com
diligência. Sendo assim, transformou-se em autodidata.
Se não tivesse a
coragem de enfrentar a solidão de seu período de anonimato e não ousasse
trilhar um caminho bem diferente daquele planejado, Hermann Hesse decerto não
escreveria Peter Camenzind, Demian, O
Lobo das Estepes e O Jogo das Contas de Vidro, obras magistrais que lhe
garantiram o Prêmio Nobel de Literatura décadas depois.
Caso você não aceite
enfrentar os mesmos desafios, não penso que seja digno de ostentar o título de escritor.