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terça-feira, 7 de abril de 2015

SORTE






Pago humildemente e sem reclamações
o preço desumano desse itinerário,
dessa árdua passagem entre o abecedário
e o ponto terminal das elucubrações.     
                                
Se a sorte não me coube, e aquela existência
sublime e fabulosa entre cortesãs
de seios saltitantes e sábios de vãs
filosofias nunca somou consistência,           

degusto, a contragosto, esse destino insosso.
Solitário, costuro no anonimato
uns versos. Cairão no esquecimento – é fato! –
e, no entanto, antes de ser coberto o fosso,                     

não os desprezo como bom divertimento.
Se, ao menos, me ocorresse ter a companhia
táctil de algum corpo… Coube-me a poesia
e só. Sua sutileza, eis todo o meu contento.

                                                                        SÃO FRANCISCO XAVIER (06-04-2015)




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