" " NOVA CASTÁLIA: A CNBB E SUAS IMPOSIÇÕES IDEOLÓGICAS

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terça-feira, 28 de abril de 2015

A CNBB E SUAS IMPOSIÇÕES IDEOLÓGICAS



Dia 26 de Outubro de 2014, domingo. A presidente reeleita Dilma Rousseff sobe ao palanque e, diante de seu eleitorado presente, compromete-se a impulsionar, no Brasil, um plebiscito em favor da reforma política. O discurso não representa exatamente uma novidade. Desde sua primeira eleição, Dilma tenta emplacar a reforma que, na opinião de especialistas e alguns representantes da oposição, segue o modelo das reformas colocadas em prática nos governos latino-americanos alinhados ideologicamente ao Partido dos Trabalhadores. De fato, a proposta está entre as prioridades dos movimentos sociais de esquerda. Mas em um cenário de grave bipolaridade eleitoral – Dilma Rousseff não teve, então, uma larga vantagem sobre Aécio Neves (PSDB) –, seria realmente temerário afirmar que a proposta estivesse entre as prioridades de toda a nação brasileira. Pelo contrário, aquela eleição ficara também marcada pelo surgimento de uma direita de rua mais organizada, e também pela composição política mais conservadora tanto no senado quanto no congresso.

Dilma afirmou não acreditar em um país dividido, e estava errada. Rápido, os grupos direitistas afrontaram o governo reeleito com manifestações repetidas que, no dia 15 de Março, arrastaram uma histórica marca de dois milhões de cidadãos em 160 municípios brasileiros. Com gritos de Impeachment e Fora Foro (em referência à organização que reúne partidos e movimentos de esquerda, e é diretamente responsável

pela ascensão dos regimes socialistas no continente), os manifestantes contrariavam, em vias públicas, as expectativas de Dilma Rousseff. Suas prioridades passavam muito distante da reforma política do PT, e consistiam essencialmente no seguinte: combate à ascensão do socialismo na América Latina, investigação de vínculos notórios entre os representantes da esquerda brasileira e o crime organizado, redução da carga tributária e da maioridade penal. Este cenário não permitia, de forma alguma, a suposição de que houvesse um anseio público em prol da reforma política.

Dia 25 de Fevereiro, em Brasília, representantes da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e também da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) lançam, em comunhão, um manifesto defendendo a reforma política. Publicamente, os representantes das instituições afirmam que o manifesto não é partidário, no entanto, a bancada do PT assume, de imediato, oferecer o seu total apoio às propostas ali apresentadas, demonstrando assim a existência de cooperação entre socialistas e bispos católicos – além de advogados filiados a OAB. Sob a influência da TdeL (teologia da libertação), o episcopado brasileiro empreendeu, durante as últimas décadas, campanhas da fraternidade com temáticas propostas pela esquerda católica: reforma agrária, libertação social, ecologia, políticas indigenistas, etc. A tendência ao socialismo dentro da CNBB nunca chegou a ser um segredo. Se ocasionalmente ocorreram atitudes dissonantes – no ano de 2010, a Regional Sul 1 da CNBB emitiu um documento alertando os católicos a respeito da posição abortistas de Dilma Rousseff – essas situações contrastavam com o histórico da instituição.

Dentro da Igreja Católica sempre existiu certa insatisfação com a influência de ideologias socialistas nas diretrizes da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Mas até então esse desconforto se mantinha limitado a indivíduos isolados e grupos carentes de representatividade. Isso se devia, naturalmente, à inexistência de uma direita no cenário do país. O ressurgimento dessa mesma tendência política demonstrando forças através de suas manifestações, conquistando o diálogo com líderes da oposição, tornando possível o debate sobre impeachment, e atemorizando membros da presidência certamente começará a mostrar que todas as transformações sociais e políticas acabam tendo reflexos também no campo religioso. Se aos católicos mais tradicionalistas faltava, até esse momento, o poder de pressão que a massa organizada constitui, é bem provável que as manifestações acontecidas recentemente ofereçam semelhante ocasião para essa mudança. Se os políticos observaram-se pressionados a justificar publicamente suas decisões, é natural acreditar que o episcopado brasileiro se surpreenda pressionado a agir dessa mesma maneira.

Seria bastante democrático!

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Um comentário:

  1. Olá, GABRIEL.
    Dia desses, assisti a uma emissão da Radio Vox em que o Dante e Alex (seu, dele, colega de transmissão) falavam sobre o alinhamento de Dom Odilo à reforma política. E a diocese de São Paulo parece não ter gostado nada da ligação ao vivo (e com toda a dificuldade de crédito do operador - dispensável, Dante, mostrar-se pobrezito! de maré-maré...)....Pois vejam só essa repercussão>>>>> http://radiovox.org/2015/04/25/arquidiocese-de-sao-paulo-emite-nota-de-repudio-contra-o-prof-olavo-de-carvalho/

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