" " NOVA CASTÁLIA: CARTA ABERTA AO FILÓSOFO OLAVO DE CARVALHO

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terça-feira, 19 de setembro de 2017

CARTA ABERTA AO FILÓSOFO OLAVO DE CARVALHO




Li suficientes biografias de escritores e intelectuais para entender que, com frequência, a existência deles é um tanto atribulada. Muitos nunca chegaram a fazer segredo disso. Lembro-me dos romances de Henry Miller, cuja existência sexual promíscua é confessada em páginas que causaram certo escândalo na época. Também me recordo de escritores que estiveram presos, como Dostoievski, Jean Genet e o poeta brasileiro Bruno Tolentino. Crimes de conspiração, roubo e tráfico de drogas constam no currículo desses gênios da literatura. Na Abissínia, Arthur Rimbaud terminou seus dias como traficante de armas. Se formos abordar a sexualidade dos escritores, encontraremos pederastas, bissexuais, sadomasoquistas, onanistas e misóginos. Ser autor de livros não é, portanto, uma credencial que nos afiança a decência e os bons costumes.
Recentemente, acompanhei as acusações de Heloísa de Carvalho, a filha do filósofo Olavo de Carvalho, pretendendo revelar “os podres” do pai publicamente. Lavação de roupa suja geralmente não é algo nada elegante, e quando isso acontece entre familiares, a coisa fica ainda mais fedorenta. Lendo a carta aberta que Heloísa Carvalho escreveu ao progenitor, evoco naturalmente as tantas quantas biografias de escritores que tive a oportunidade de ler. Honestamente, nunca espero que um autor seja exemplo de comportamento social. Isso é bom-mocismo de telenovela ou de jornalismo capenga. Olavo de Carvalho teve uma existência atribulada, a semelhança de muitos outros intelectuais e literatos que conheço. Mas isso não o desqualifica de modo algum. A ser verdade, desqualificaria todos os nomes acima referidos.
Sou um admirador da obra e do pensamento dele, e continuarei sendo, a despeito desses arranca-rabos de família. Sem seus livros e sua influência intelectual, o Brasil viveria as trevas de uma dominação esquerdista no campo do pensamento. 

Gabriel Santamaria é autor de O Evangelho dos Loucos (romance), No Tempo dos Segredos (romance), Assim Morre a Inocência (contos), Destino Navegante (Poemas), Para Ler no Caminho (Mensagens e Crônicas).


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