Os críticos do petismo acusam o partido não somente dos atos de corrupção que se tornaram manifestos com o Mensalão e a Lava Jato, mas também do viés autoritário que caracteriza o partido. Na última semana, Frei Betto, um militante histórico do PT, deu uma entrevista ao periódico espanhol El Pais falando a respeito das delações de Antonio Palocci que colocaram Lula em uma situação política difícil.
Segundo Frei Betto, “Palocci compromete a credibilidade de Lula, mas há que ter cautela”. Segundo o ex-assessor especial de Lula, este foi acusado anteriormente por Delcídio Amaral, denúncias que, a posteriori, se revelaram infundadas. Dessa forma, também as delações de Palocci devem ser tratadas com toda cautela, a fim de evitar a condenação pública de Lula.
Isso que parece razoável mostra-se em contraponto ao que Frei Betto acredita ser a decisão do PT quanto a Antonio Palocci. Para ele, o partido deve providenciar imediatamente a “expulsão sumária” do ex-ministro. Para Luis Inácio Lula da Silva, toda cautela é pouco. Para Antonio Palocci, quase a execução sumária! Por que Palocci não merece toda a cautela? Por que suas acusações não devem ser apuradas, e comprovadas (ou não) antes de sua expulsão? E se ele estiver certo? E se Lula, de fato, se corrompeu? Se Frei Betto solicita a apuração justa, isto significa que ele mesmo não consegue afirmar nada antecipadamente. Sendo assim, que sentido terá a expulsão antecipada de Palocci?
Ferrenho defensor do regime cubano, Frei Betto trai a si mesmo demonstrando que o autoritarismo esquerdista, autoritarismo de paredão, de execuções sumárias, está presente na raiz do petismo, a ponto de descaracterizar o suposto espírito democrático da legenda.
Gabriel Santamaria é autor de O Evangelho dos Loucos (romance), No Tempo dos Segredos (romance), Assim Morre a Inocência (contos), Destino Navegante (Poemas), Para Ler no Caminho (Mensagens e Crônicas).
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