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sexta-feira, 22 de setembro de 2017

EU, FRANZ KAFKA



Franz Kafka tratava sua vocação literária como “o seu chamado”. Passou a existência inteira em um anonimato quase completo. Um funcionário burocrático, escrevendo nas horas vagas, incomodado com a falta de tempo para se dedicar aos escritos. Autor de romances e contos, quase sempre inacabados. Depois da morte, pediu a seu amigo – Max Brod – que destruísse seu legado literário. Sorte nossa que Brod desobedeceu a ordem expressa de Kafka, e deu os títulos à publicação, escrevendo também sua principal biografia.
Como um escritor vivendo em uma espécie de anonimato, sentindo a literatura como um chamado particular, observo semelhanças entre mim e Kafka. Também em alguns de meus livros, o absurdo se manifesta ocasionalmente. Por exemplo, em meu romance mais recente: O Arcano da Morte. Pesa-me diariamente a situação contrastante de me saber detentor de uma vocação, sem ter encontrado os meios suficientes para realizá-la em tempo integral. Sinto tal desconforto, a sina dos escritores que vieram ao mundo sob o signo da contradição.
Se o futuro, ao menos, me garantir a glória que, em vida, me tem sido negada, isto servirá como consolo. 

Gabriel Santamaria é autor de O Evangelho dos Loucos (romance), No Tempo dos Segredos (romance), Assim Morre a Inocência (contos), Destino Navegante (Poemas), Para Ler no Caminho (Mensagens e Crônicas).

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