Neste ano de 2017, comemoramos o centenário das aparições marianas em Fátima. Desde então, os chamados segredos de Nossa Senhora, entregues a três crianças portuguesas, despertaram muito interesse, sobretudo a terceira parte que foi mantida em sigilo por décadas. No papado de João Paulo II, essa terceira parte foi finalmente revelada, e descobrimos que ela tratava de guerras e do assassinato de uma figura que na maioria das vezes é interpretada como o Papa, embora Irmã Lúcia – uma das crianças – houvesse escrito literalmente um “bispo vestido de branco”.
Que o prelado católico vestido de branco sempre foi o Sumo Pontífice da Igreja, disso ninguém duvida. Porém, recentemente tivemos uma situação muito diferente, ocorrida raras vezes na história do catolicismo, a saber: a abdicação de um Papa – Bento XVI –, atualmente chamado de Papa Emérito. Ostentando também o branco em suas vestimentas, o alemão vive no Vaticano, e quase não aparece em público.
Depois da abdicação e da eleição do Papa Francisco, alguns teólogos católicos discordaram do título atribuído a Ratzinger. Segundo eles, não existiria, de fato, a possibilidade real da existência de um papado emérito. Ou seja, tendo renunciado ao trono de São Pedro, o antigo Sumo Pontífice deixava automaticamente a condição de Papa. Isto significaria afirmar que Bento XVI teria retornado, assim, ao estado episcopal.
O que concluir disso? Se Bento XVI voltou a ser um bispo, é natural que o vejamos como um “bispo vestido de branco”. De fato, nas profecias de Catharina Emerick, há menção acerca da coexistência futura de dois papas e duas igrejas, uma delas menor e outra maior. Em Fátima, na visão dos pastorinhos, o “bispo vestido de branco” conduz uma igreja diminuta por uma cidade arrasada pela guerra, até ser atingido por balas e flechas, em comunhão com sacerdotes, religiosos e outros católicos que o acompanhavam.
Para algumas pessoas, referir-se ainda ao segredo de Fátima como algo não ocorrido parece anacrônico. Mas Bento XVI, antes de encerrar seu ciclo à frente da Igreja, afirmou que se enganava quem acreditasse que as mensagens de Fátima estavam encerradas. Sem dúvida, talvez os acontecimentos atuais do catolicismo lancen luzes renovadas a respeito das palavras enigmáticas dessas profecias.
Gabriel Santamaria é autor de O Evangelho dos Loucos (romance), No Tempo dos Segredos (romance), Assim Morre a Inocência (contos), Destino Navegante (Poemas), Para Ler no Caminho (Mensagens e Crônicas).
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